Expectativas de masculinidades e feminilidades em memes: escola, juventudes e zoeira

Autores

  • Priscilla Karaver Gonçalves de Sá Universidade Federal de São Paulo, Instituto Saúde e Sociedade, campus Baixada Santista
  • Cristiane Gonçalves da Silva Universidade Federal de São Paulo, Instituto Saúde e Sociedade, campus Baixada Santista

DOI:

https://doi.org/10.18316/recc.v24i3.5491

Palavras-chave:

Juventude, Escola, Gênero, Redes Sociais.

Resumo

O artigo discute algumas expectativas sociais relacionadas à masculinidade e feminilidade presentes nas relações entre estudantes do ensino médio de uma escola pública do Guarujá/SP, assim como o agenciamento produzido por eles/as. A reflexão emerge da aproximação etnográfica e da realização de Oficinas constitutivas da metodologia de pesquisa qualitativa realizada na escola, orientadas pela perspectiva do/a jovem sujeito e que investem no diálogo a partir das diferenças e da desnaturalização de normatividades. Com o material de campo foi feita análise de conteúdo a partir de categorias organizadas em eixos. A escola, espaço importante de socialização de jovens, norteia a forma de se viver a feminilidade, a masculinidade e a sexualidade, geralmente apresentando apenas um caminho e deslegitimando corpos e atitudes que desviam dele. As redes sociais e os memes são aspectos centrais e organizadores das juventudes contemporâneas e, portanto, mais um espaço de socialização e construção de identidades culturais, que foram adotadas como disparadoras dos debates das Oficinas. Como resultado, identificou-se que a sexualidade é dimensão propensa a gerar conflitos na vivência dos/as participantes, em particular, colocando as meninas sob rígida vigilância, enquanto é estimulada para os meninos. A zoeira se mostrou ferramenta de agenciamento de forma distinta para rapazes e moças diante dos discursos de normatização, mas também serviu para reforçar ideias hegemônicas, quando as jovens evitam comportamentos que as coloquem na categoria «vadia» e os meninos na «viado». Em muitas situações, identificou-se que as expectativas de gênero podem ser violentas, na medida que limitam a experimentação sexual para as meninas e impedem a vivência da afetividade para os meninos. Entretanto, os/as jovens não se encerram em discursos e práticas normativas e podem ampliar seus repertórios quando se apresentam em diálogo, indicando a desestabilização de naturalizações em torno de masculinidades e feminilidades como possibilidades.

Biografia do Autor

Priscilla Karaver Gonçalves de Sá, Universidade Federal de São Paulo, Instituto Saúde e Sociedade, campus Baixada Santista

Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Instituto de Saúde e Sociedade, Campus Baixada Santista. 

Cristiane Gonçalves da Silva, Universidade Federal de São Paulo, Instituto Saúde e Sociedade, campus Baixada Santista

Professora Adjunta IV da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Instituto de Saúde e Sociedade do campus Baixada Santista, Departamento Políticas Públicas e Saúde Coletiva; docente do Eixo O Ser Humano e sua Inserção Social. Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP (1993), mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1999), doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP (2010) e pós-doutorado no Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP com estágio no Instituto de Investigações Gino Germani/Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires (2017). Co-coordenadora do Laboratório Interdisciplinar Ciências Humanas, Sociais e Saúde e do Núcleo de Estudos Heleieth Saffioti: gênero, sexualidades e feminismos, além de pesquisadora associada do Núcleo de Estudos para Prevenção da AIDS. Atuação em pesquisa, ensino e extensão na interface entre saúde e educação com as temáticas de sexualidades, gênero, juventudes, prevenção e vulnerabilidade ao HIV/AIDS, direitos sexuais e reprodutivos.

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Publicado

2019-11-29

Edição

Seção

Dossiê