“Mas o que tinha no meu corpo?” Discutindo sobre infâncias e transexualidade

Autores

  • Jaime Eduardo Zanette Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Michele Leguiça
  • Jane Felipe UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DOI:

https://doi.org/10.18316/recc.v24i3.5512

Palavras-chave:

Infâncias, Scripts de Gênero, Transexualidade, Cisheternormatividade.

Resumo

Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa que tem por objetivo discutir e tensionar a construção e (des)arranjos dos scripts de gênero nas infâncias, percebendo as situações que estão em jogo quando o assunto se refere à constituição de corpo, gênero e sexualidade das crianças, especialmente em relação ao tema da transexualidade. A metodologia utilizada foi a da entrevista-narrativa com três mulheres trans e três homens trans . Buscando apoio teórico nos Estudos de Gênero, de inspiração pós-estruturalista, bem como nos Estudos Queer, pode-se concluir que: a) a transexualidade é uma expressão identitária de caráter contingente que sofre constantemente regulações cisheteronormativas, de ordem social e familiar. b) o poder pastoral e a hipótese repressiva tornam-se tecnologias com vistas na regulação dos corpos. c) mesmo diante de todas as repressões sofridas, as crianças que apresentam variante de gênero operam técnicas para subverter a cisheteronorma.

Biografia do Autor

Jaime Eduardo Zanette, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciado em Pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2014), Especialista em Docência na Educação Infantil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2016) e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na linha de pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, sob orientação da Profª Dra. Jane Felipe de Souza. Integrante do GEERGE - Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero e do GEIN - Grupo de Estudos de Educação Infantil e Infâncias, ambos vinculados ao PPGEDU/FACED/UFRGS. Exerce a função de gestor da Escola Municipal de Educação Infantil Irmã Valéria (Novo Hamburgo). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Infantil e Coordenação Pedagógica .Integra o Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Docências Pedagogias e Diferenças (GIPED/CNPq). Também é membro do colegiado do FORPEI/NH (Fórum Permanente de Educação Infantil de Novo Hamburgo). Atua em pesquisas sobre coordenação pedagógica, infâncias, gênero, sexualidade,transexualidade, violências e identidades.

Michele Leguiça

Possui graduação em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria (2009). Pesquisador do Núcleo de Estudos Afro brasileiro e Indígena da UNIPAMPA - NEABI. Pesquisadora no grupo de pesquisa TUNA- Gênero, Educação e diferença, da Univesidade Federal do Pampa, estudante no grupo de pesquisa GEIN - Grupo de Estudos de Educação Infantil e Infâncias, do(a) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. . Especialista em História Cultura Africana, Afro- brasileira e Indígena da UNIPAMPA- Campus Uruguaiana . Mestranda em Educação, Relações de Gênero e Sexualidade na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/FACED). Atualmente no mestrado estou desenvolvendo o projeto "Scripts de gênero e o controle dos corpos na Educação Infantil", atuo como integrante da equipe da pesquisa internacional ?Violências de gênero, amor romântico e famílias: entre idealizações e invisibilidades, os maus-tratos emocionais e a morte.?, coordenado pela Profª Jane Felipe (FACED, UFRGS) e pela Profª Carmen Gallet (Universidad de Extremadura, Espanha), pretendo resgatar tais discussões no campo da Educação Infantil. O eixo temático Infâncias, Gênero e Sexualidade, dentro da referida linha de pesquisa, é um dos pioneiros nessa discussão, chamando atenção para a importância de analisarmos como se dá a construção dos scripts de gênero, em especial no que se refere ao controle dos corpos desde a mais tenra infância.

Jane Felipe, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Atualmente é professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui graduação e Licenciatura Plena em Psicologia pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), mestrado em Educação pela UFF - Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ (1991), doutorado em Educação pela UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e pós doutorado na área de Cultura Visual, pela Universidad de Barcelona (bolsa CAPES - abril/2009 a fevereiro/2010). Na graduação atua na disciplina Gênero e Sexualidade na Escola e no PPGEDU atua na Linha de Pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, no eixo temático Infâncias, Gênero e Sexualidade. Integra o GEERGE - Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero. Foi uma das fundadoras do GEIN - Grupo de Estudos em Educação Infantil e Infâncias - e atualmente coordena o referido Grupo. Atua com os seguintes temas: infâncias, scripts de gênero, sexualidade, educação infantil, educação sexual na escola, pedofilia e pedofilização como prática social contemporânea. Atualmente coordena a pesquisa internacional intitulada "Violências de gênero, amor romântico e famílias: entre idealizações e invisibilidades, os maus tratos emocionais e a morte", com financiamento do CNPq (Chamada: MCTI/CNPQ/Universal 14/2014). Possui várias publicações na área das infâncias, gênero e sexualidade e desde 2013 vem se dedicando a escrever contos literários, organizando, junto com o escritor e poeta Pedro Gonzaga, o livro "Contos para ler a três" (Ed. Bestiário, 2016). Em 2017 participou do livro de contos "Escândalos reinventados" (Ed. Class). Em março de 2018 ganhou o Prêmio Menção Honrosa Sueli Carneiro em reconhecimento ao ativismo e à pesquisa realizados nos campos dos estudos de gênero e sexualidade e de raça/etnia. No mesmo ano também foi indicada ao Prêmio Mulher 2018 - RS.

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Publicado

2019-11-29

Edição

Seção

Dossiê