“PAGO, NÃO NEGO. VIVO QUANDO PUDER”

ENDIVIDAMENTO, PRECARIZAÇÃO DA VIDA DOCENTE E GOVERNAMENTALIDADE NEOLIBERAL

Autores

  • Evandro Sérgio Pacheco Martins Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
  • Inês Hennigen Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.18316/rcd.v15i36.9702

Palavras-chave:

Professoras, Endividamento, Neoliberalismo, Governamentalidade, Precarização.

Resumo

Apresentamos alguns resultados de uma pesquisa que teve como objetivo conhecer os efeitos subjetivos do endividamento para professoras estaduais gaúchas. Neste artigo focalizamos análises e discussões quanto à produção do endividamento das professoras e a precarização da sua vida em função da racionalidade neoliberal. A pesquisa, cuja metodologia se compôs entre uma análise de inspiração arqueogenealógica e o processo cartográfico, incluiu entrevistas com oito docentes e análise de matérias de jornais de grande circulação, do sindicato de professoras, charges e reportagens na internet sobre a temática. Aqui analisamos os impactos da governamentalidade neoliberal na condição e cotidiano das professoras considerando as políticas de austeridade conduzida pelos governos estaduais, os efeitos da dívida pública e a concepção do homo oeconomicus neoliberal, abordada por Michel Foucault. A lógica neoliberal estrutura a conduta dos sujeitos como empresários de si, com acento na concorrência e responsabilização de indivíduos. Discutimos a questão da dívida como biopolítica, as implicações do endividamento financeiro e moral das docentes e a proletarização da profissão, o que nos levou a ressaltar uma noção de precarização não só correspondente à baixa remuneração recebida pelo magistério, mas da própria vida; nestas circunstâncias, normaliza-se a (mera) sobrevivência e assegura-se o crédito para a “vivência”. Finalizamos discutimos a mutação do dito popular, que abre o título, buscando enlaçar endividamento e precarização da vida, enfoque que pensamos necessita ser mais estudado.

Biografia do Autor

Evandro Sérgio Pacheco Martins, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Psicólogo clínico; Professor de Geografa e História da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul.

Inês Hennigen, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Docente do PPG em Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia da UFRGS; Coordenadora do grupo de pesquisa LECOPSU - Leituras do contemporâneo & Processos de subjetivação;

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Publicado

2023-03-10

Edição

Seção

Artigos