Homens trans: da invisibilidade à rede de atenção em saúde

Autores

  • Anna Caroline Solka Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
  • Clarissa De Antoni Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

DOI:

https://doi.org/10.18316/sdh.v8i1.4895

Palavras-chave:

transexualidade, homem transexual, identidade de gênero, saúde pública

Resumo

A saúde é um direito que deve ser assegurado e promovido pelo Estado. É preciso pensá-la de forma ampliada, principalmente quando se pensa em populações específicas. Esse é o caso dos homens trans, que são pessoas que se percebem e se constroem diferente do sexo assignado ao nascimento. Este estudo, qualitativo/exploratório, teve como objetivo conhecer as principais necessidades em saúde dos homens trans, o acesso e as suas percepções sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e assim, como essa vivencia influencia no seu bem-estar. Participaram de entrevistas individuais oito homens entre 20 e 50 anos que se identificaram enquanto trans. Utilizou-a a Análise Temática para compreensão dos dados e os principais temas emergentes foram: o desrespeito e/ou o não uso do nome social, a falta de qualificação e o preconceito dos/as profissionais da rede de atenção em saúde e, por fim, a dificuldade de acesso aos serviços e procedimentos específicos em hormonoterapia e cirurgias. Mesmo que respaldados por marcos/documentos regulatórios, algumas práticas fogem à promoção dos direitos em saúde para essas pessoas.

Referências

Brasil. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. DF.

Brasil. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990; 19 set.

Costa EA. Vigilância Sanitária: contribuições para o debate no processo de elaboração da Agenda de Prioridades de Pesquisa em Saúde. In: Ministério da Saúde. Saúde no Brasil - Contribuições para a Agenda de Prioridades de Pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. p. 127-156.

Almeida Filho ND. O que é saúde? Rio de Janeiro: Fiocruz; 2013.

Cecílio LCO. As necessidades de saúde como conceito estruturante na luta pela integralidade e equidade na atenção em saúde. In: Pinheiro R, Mattos RA, organizadores. Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ; 2009. p. 117-130.

Rodriguez AMM. Experiências de atenção à saúde e percepções das pessoas transgênero, transexuais e travestis sobre os serviços públicos de saúde em Florianópolis/SC, 2013-2014 [tese]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2014.

Moraes CG, Camargo ES, Nardi HC. Formação em gênero e diversidade sexual: conceitos, princípios e práticas. In: Nardi HE, Machado PS, Silveira RS, organizadores. Diversidade sexual e relações de gênero nas Políticas Públicas: o que a laicidade tem a ver com isso? Porto Alegre: Deriva/Abrapso; 2015. p. 145-165.

Princípios de Yogyakarta. Princípios sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero. 2007. Disponível em:

http://www.clam.org.br/uploads/conteudo/principios_de_yogyakarta.pdf

Nogueira C. “Ter” ou “fazer” o gênero: o dilema das opções epistemológicas em Psicologia Social. In: Guareschi N, organizadora. Estratégias de invenção do presente: a psicologia social no contemporâneo. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais; 2008. p. 220-253.

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relatório Final da 12ª Conferência Nacional de Saúde: Conferência Sergio Arouca. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relatório Final da 13ª Conferência Nacional de Saúde: Saúde e Qualidade de vida: políticas de estado e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

Freire EC, Araujo FCA, Souza ÂC, Marques D. A clínica em movimento na saúde de TTTS: caminho para materialização do SUS entre travestis, transsexuais e transgêneros. Saúde Debate 2013; 37(98):477-484.

Bento B. Sexualidade e experiências trans: do hospital à alcova. Cien Saude Colet 2012; 17(10): 2655-2664.

Ávila S. Transmasculinidades: a emergência de novas identidades políticas e sociais. Rio de Janeiro: Multifoco; 2014.

Souza ER, Prado MAM, Machado PS. Transexualidades e saúde no Brasil: entre a invisibilidade e a demanda por políticas públicas para homens trans. Minas Gerais (BH): Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas; 2015. Relatório técnico n° 32/2012. Patrocinado por MCTI/CNPq/SPM-PR/MDA.

Lima F, Cruz KT. Os processos de hormonização e a produção do cuidado em saúde na transexualidade masculina. Sex, salud soc (Rio J). 2016; 23:162-186.

Almeida G. ‘Homens Trans’: novos matizes na aquarela das masculinidades? Estudos Feministas 2012; 20(2):513-523.

Rolim LB, Cruz RSBLC, Sampaio KJAJ. Participação popular e o controle social como diretriz do SUS: uma revisão narrativa. Saúde Debate 2013; 96(37):139-147.

Thiry-Cherques HR. Saturação em pesquisa qualitativa. Af-Revista PMKT 2009; 3(2):20-27.

Braun V, Clarke V. Using thematic analysis in psychology. Qual Res Psychol 2006; 3(2):77-101.

Brasil. Portaria nº 1.820 de 13 de agosto de 2009. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde. Diário Oficial da União 2009; 14 ago.

Brasil. Nota Técnica nº 18 de 10 de setembro de 2014. Orienta gestores e operadores do sistema responsável pelo cadastramento de usuários do SUS a como proceder no preenchimento dos campos nome civil, nome social e sexo. Diário Oficial da União 2009; 24 set.

Guaranha C. O desafio da equidade e da integralidade: travestilidades e transexualidades no Sistema Único de Saúde [tese]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2014.

Rocha KB, Barbosa LHR, Barboza CZ, Calvetti PÜ, Carvalho FT, Cerqueira-Santos E, Hermel JS, da Silva Moura A. La atención a la salud en Brasil a partir de la percepción de travestis, transexuales y transgéneros. Forum Qual Soc Res 2009; 10(2).

Silva BB, Cerqueira-Santos E. Apoio e suporte social na identidade social de travestis, transexuais e transgêneros. Rev SPAGESP 2014; 15(2):27-44.

Albuquerque GA, Garcia CL , Alves MJH, Queiroz CMHT, Adami F. Homossexualidade e o direito à saúde: um desafio para as políticas públicas de saúde no Brasil. Saúde debate 2013; 37(98):516-524.

Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006.

Pinheiro TF, Couto MT. Sexualidade e reprodução: discutindo gênero e integralidade na Atenção Primária à Saúde. Physis (Rio J). 2013; 23(1): 73-92.

Batista dos Santos A, Eri Shimizu H, Merchan-Hamann E. Processo de formação das representações sociais sobre transexualidade dos profissionais de saúde: possíveis caminhos para superação do preconceito. Cien Saude Colet 2014; 19(11):4545-4554.

Bento B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond; 2006.

Brasil. Portaria nº 2.803 de 19 de Novembro de 2013. Redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 2013; 19 nov.

Borba R. Sobre os obstáculos discursivos para a atenção integral e humanizada à saúde de pessoas transexuais. Sex, salud soc (Rio J). 2014; 17:66-97.

Bento B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond; 2006.

Masson N, Falcão A, Velo MMAC, Pereira AC. Acolhimento e vínculo: tecnologias relacionais na produção da saúde. Ver, Bras, Pesq. Saúde 2015; 17(2):103-110.

Downloads

Publicado

2020-02-28

Edição

Seção

Artigos Originais