Uso de agrotóxicos e prevalência de desfechos negativos ao nascer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18316/sdh.v11i2.9642

Palavras-chave:

Agroquímicos, Desfechos negativos, Exposição ocupacional, Recém-nascido, Saúde materno-infantil

Resumo

Objetivo: analisar a prevalência de desfechos negativos ao nascer em Santa Catarina e sua relação com a exposição aos agrotóxicos. Materiais e métodos: estudo transversal, quantitativo, sendo a população composta por todos os nascidos vivos do estado entre 2000 e 2017. Obtiveram-se os dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos e o cálculo de prevalência baseou-se em 1000 nascidos vivos. Resultados: de 1.591.504 nascidos vivos, 13.089 apresentaram malformação congênita (prevalência=8,22). Os municípios de Pescaria Brava, Presidente Castello Branco e Chapadão do Lageado apresentaram as maiores prevalências desse desfecho (28,64, 25,74 e 17,64, respectivamente). A maior prevalência de baixo peso ao nascer ocorreu na macrorregião serrana, seguida do oeste catarinense. Ouro Verde e Bom Jesus apresentaram as maiores prevalências desse desfecho. Em relação à prematuridade, houve uma prevalência de 84,24 no estado, e as cidades com maior prevalência foram Rancho Queimado (143,11), Pescaria Brava (135,42) e Matos Costa (121,53). Conclusão: observou-se uma prevalência mais elevada de desfechos negativos ao nascer em cidades agrícolas, com grande parte do território ocupado por estabelecimentos agropecuários que utilizam agrotóxicos. Essas alterações podem estar relacionadas à exposição aos agrotóxicos, demonstrando a necessidade de realização de novas pesquisas sobre o tema.

Biografia do Autor

Pamela Chiela Batista da Cruz, Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Graduada em Enfermagem pela Unochapecó. Pós-graduanda em Obstetrícia e Ginecologia pela Unochapecó.

Emanuela Letícia Tacca, Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem, pela Unochapecó.

Maria Isabel Gonçalves da Silva, Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestra e doutoranda em Ciências da Saúde, pela Unochapecó.

Samuel Spiegelberg Zuge, Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Doutor em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó.

Vanessa da Silva Corralo, Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Mestra e Doutora em Bioquímica Toxicológica pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto sensu da Unochapecó.

Referências

Cremonese C, Freire C, Meyer A, Koifman S. Exposição a agrotóxicos e eventos adversos na gravidez no Sul do Brasil, 1996-2000. Cadernos de Saúde Pública (Online). 2012; 28(7): 1263-1272. DOI:10.1590/s0102-311x2012000700005

Oliveira GC. Análise do catch-up de crescimento de uma coorte de recém-nascidos prematuros. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2015. Dissertação. Disponível em: https://ri.ufmt.br/handle/1/180

Nações Unidas Brasil. OPAS: Anomalias congênitas são 2ª causa de morte de recém-nascidos e crianças com menos de 5 anos. 2016. Disponível em: https://nacoesunidas.org/opas-anomalias-congenitas-sao-2a-causa-de-morte-de-recem-nascidos-e-criancas-menos-5-anos/

World Health Organization. Congenital anomalies. 2020. Disponível em: https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/congenital-anomalies

Oliveira SM, López ML. Panorama epidemiológico de malformações congênitas no Brasil (2013-2017). Revista Saúde Multidisciplinar (Online). 2020; 8(2): 1-5. Disponível em: http://revistas.famp.edu.br/revistasaudemultidisciplinar/article/view/121

Organização Pan-Americana da Saúde. Um em cada sete bebês em todo o mundo nascem com baixo peso. 2019. Disponível em: em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5935:um-em-cada-sete-bebes-em-todo-o-mundo-nascem-com-baixo-peso&Itemid=820

United Nations International Children’s Emergency Fund. Low Birthweight: Country, regional and global estimates. 2004. Disponível em: https://www.unicef.org/publications/files/low_birthweight_from_EY.pdf

Dairkee SH, Torres GL, Moore DH, Jeffee IM, Goodson WH. A Ternary Mixture of Common Chemicals Perturbs Benign Human Breast Epithelial Cells More Than the Same Chemicals Do Individually. Toxicological Sciences. 2018; 165 (1), 131-144. DOI: 10.1093/toxsci/kfy126

Yang C, Song G, Lim W. A mechanism for the effect of endocrine disrupting chemicals on placentation. Chemosphere. 2019; 231: 326-336. DOI: 10.1016/j.chemosphere.2019.05.133

Rumiato AC, Monteiro I. Contaminantes em alimentos e orientação nutricional: reflexão teórica. Revista de Salud Pública (Online). 2017; 19(4): 574-577. DOI:10.15446/rsap.v19n4.41939

Meira APG, Silva MV. Resíduos de agrotóxicos potencialmente contidos na dieta habitual de escolares. Segurança Alimentar e Nutricional (Online). 2019; 26: 1-12. DOI:10.20396/san.v26i0.8654932

Embrapa. Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. Brasília, Distrito Federal. 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/10180/9543845/Vis%C3%A3o+2030+-+o+futuro+da+agricultura+brasileira/2a9a0f27-0ead-991a-8cbf-af8e89d62829?version=1.1

Bortolotto CC, Hirschmann R, Martins-Silva T, Facchini LA. Exposição a agrotóxicos: estudo de base populacional em zona rural do sul do Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2020; 23: 1-11. DOI: 10.1590/1980-549720200027

Ferreira LF, Costa ARD, Ceolin S. Malformações congênitas e uso de agrotóxicos no município de Giruá, RS. Saúde em Debate. 2020; 44 (126): 790-804. DOI: 10.1590/0103-1104202012615

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agro 2017: população ocupada nos estabelecimentos agropecuários cai 8,8%. 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25789-censo-agro-2017-populacao-ocupada-nos-estabelecimentos-agropecuarios-cai-8-8

Brasil; Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf

Carola CR. Natureza admirada, natureza devastada: História e Historiografia da colonização de Santa Catarina. Varia Historia. 2010; 26(44): 547-572. DOI: 10.1590/S0104-87752010000200011

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006-2017. 2017. Disponível em: https://censoagro2017.ibge.gov.br/templates/censo_agro/resultadosagro/pdf/sc.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Classificação e caracterização dos espaços rurais e urbanos do Brasil: uma primeira aproximação. 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100643.pdf

Sebrae. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina. Cenário Econômico Catarinense: Estudo Trimestral sobre Indicadores de Cenário Econômico do estado de Santa Catarina – Boletim Nº 9 – 3º trimestre. 2020. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SC/Not%C3%ADcias/Relat%C3%B3rio%20T%C3%A9cnico%20-%203%C2%BA%20trimestre%202020.pdf

Pedroso DO, Silva BF, Agostinetto L, Evaristo A, Siegloch AE. Manejo de agrotóxicos no cultivo de grãos e sua relação com a saúde e ambiente. Research, Society and Development. 2020; 9(10), e8399108282-e8399108282. DOI: 10.33448/rsd-v9i10.8282

Mnif W, Hassine AI, Bouaziz A, Bartegi A, Thomas O, Roig B. Effect of endocrine disruptor pesticides: a review. Int J Environ Res Public Health. 2011; 8(6): 2265-303. DOI: 10.3390/ijerph8062265

Richard S, Moslemi S, Sipahutar H, Benachour N, Seralini GE. Differential effects of glyphosate and roundup on human placental cells and aromatase. Environ Health Perspectives. 2005; 113(6): 716-20. DOI: 10.1289/ehp.7728

Kim HJ, Park YI, Dong MS. Effects of 2,4-D and DCP on the DHT-induced androgenic action in human prostate cancer cells. Toxicology Science. 2005; 88(1): 52-9. DOI: 10.1093/toxsci/kfi287

Thibaut R, Porte C. Effects of endocrine disrupters on sex steroid synthesis and metabolism pathways in fish. The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology. 2004; 92(5):485-494. DOI: 10.1016/j.jsbmb.2004.10.008

Dutra LS, Ferreira AP. Identificación de malformaciones congénitas asociadas a plaguicidas disruptores endocrinos en estados brasileños productores de granos. Gerencia y Políticas de Salud. 2019; 18(36): 1-40. DOI: 10.11144/Javeriana.rgsp18-36.imcp

Cosme HW, Lima LS, Barbosa LG. Prevalência de anomalias congênitas e fatores associados em recém-nascidos do município de São Paulo no período de 2010 a 2014. Revista Paulista de Pediatria (Online). 2017; 35(1): 33-38. DOI: 10.1590/1984-0462/;2017;35;1;00002

Hess S. Ensaios sobre a poluição e doenças no Brasil. São Paulo: Outras Expressões; 2018.

Brasil. Ministério da Saúde. Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_nacional_vigilancia_populacoes_expostas_agrotoxicos.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2415/epag_2019_jan.pdf

Nascimento, LC, Naval LP. Toxicidade determinada pelo uso dos agrotóxicos em organismos indicadores de qualidade da água. Brazilian Journal of Environmental Sciences. 2019; (53): 69-80. DOI: 10.5327/Z2176-947820190466

Lorenzatto LB, Silva MIG, Rodrigues Junior SAR, De Sá CA, Corralo V. Exposição de trabalhadores rurais a organofosforados e carbamatos. Brazilian Journal of Environmental Sciences. 2020; 55(1):19-31. DOI:10.5327/Z2176-947820200528

Silva JHD, Terças ACP, Pinheiro LCB, França GVAD, Atanaka M, Schüler-Faccini LS. Perfil das anomalias congênitas em nascidos vivos de Tangará da Seera, Mato Grosso, 2006-2017. Epidemiologia e Serviços de Saúde (Online). 2018; 27(3):1-10. DOI: 10.5123/S1679-49742018000300017

Silva ME, Silva WM, Bezerra JJ, Souza JNVA, Souza RG, Costa JS et al. Agentes teratogênicos e desenvolvimento fetal: Uma revisão narrativa. Research, Society and Development. 2021; 10(5), e0210514555-e0210514555. DOI: 10.33448/rsd-v10i5.14555

Oliveira NP, Moi GP, Atanaka-Santos M, Silva AMC, Pignati WA. Malformações congênitas em municípios de grande utilização de agrotóxicos em Mato Grosso, Brasil. Revista Ciência & Saúde Coletiva. 2014; 19(10): 4123-4130. DOI: 10.1590/1413-812320141910.08512014

Rull RP, Ritz B, Shaw GM. Neural tube defects and maternal residential proximity to agricultural pesticide applications. American Journal of Epidemiology. 2006; 163(8): 743-753. DOI: 10.1093/aje/kwj101

Dutra, L. S.; Ferreira, A. P., 2017. Associação entre malformações congênitas e a utilização de agrotóxicos em monoculturas no Paraná, Brasil. Saúde em Debate (Online), v. 41, 241-253. https://doi.org/10.1590/0103-11042017S220

Winchester PD, Huskins J, Ying J. Agrichemicals in surface water and birth defects in the United States. Acta Paediatrica (Online). 2009; 98(4): 664-669. DOI: 10.1111/j.1651-2227.2008.01207.x

Blencowe H, Cousens S, Oestergaard MZ, Chou D, Moller AB, Narwal R, Adler A, Garcia CV, Rohde S, Say L, Lawn JE. National, regional, and worldwide estimates of preterm birth rates in the year 2010 with time trends since 1990 for selected countries: a systematic analysis and implications. The Lancet (Online). 2012; 379(9832): 2162-2172. DOI: 10.1016/S0140-6736(12)60820-4

Fundação Oswaldo Cruz. Taxa de bebês prematuros no país é quase o dobro do que em países da Europa. 2016. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/taxa-de-bebes-prematuros-no-pais-e-quase-o-dobro-do-que-em-paises-da-europa

Santos IS, Matijasevich A, Domingues MR, Barros AJD, Victora CG, Barros FC. Late preterm birth is a risk factor for growth faltering in early childhood: a cohort study. BMC Pediatrics (Online). 2009; 9(1): 1-8. DOI: 10.1186/1471-2431-9-71

Machado Jr LC, Passini Jr R, Rosa IR, Carvalho HB. Neonatal outcomes of late preterm and early term birth. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology. 2014; 179: 204-208. DOI: 10.1016/j.ejogrb.2014.04.042

Silva AMR, Almeida MF, Matsuo T, Soares DA. Fatores de risco para nascimentos pré-termo em Londrina, Paraná, Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 2009; 25(10): 2125-2138. DOI: 10.1590/S0102-311X2009001000004

Ramos HAC, Cuman RKN. Fatores de risco para prematuridade: pesquisa documental. Escola Anna Nery. 2009; 13(2): 297-304. DOI: 10.1590/S1414-81452009000200009

Platt MJ. Outcomes in preterm infants. Public Health. 2014; 128(5): 399-403. DOI: 10.1016/j.puhe.2014.03.010

Almeida BBP, Morales JDC, Luz GS, Rissardo LK, Pelloso SM, Antunes MB. Idade materna e resultados perinatais na gestação de alto risco. Nursing. 2018; 21 (247): 2506-2512. Disponível em: http://www.revistanursing.com.br/revistas/247/pg67.pdf

Oliveira AS, Chiquetti SEM, Santos E. Caracterização do desenvolvimento motor de lactentes de mães adolescentes. Revista Fisioterapia e Pesquisa. 2013; 20(4): 349-354. DOI: 10.1590/S1809-29502013000400008

Silva MIG, Siebel AM, Busato MA, De Sá CA, Corralo VS. Exposição ambiental/ocupacional aos agrotóxicos em gestantes residentes em um município rural. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online. 2019; 11(5), 1319-1325. DOI: 10.9789/2175-5361.2019.v11i5.1319-1325

Silva MIG, Schmid CL, Michelon C, De Sá CA, Corralo VS. Perfil epidemiológico dos nascidos vivos de um município rural do oeste catarinense. In: Silva, MCAA enfermagem centrada na investigação científica 2 (Online). Ponta Grossa: Atena; 2020. DOI: 10.22533/at.ed.140200903

Rosa CQ, Silveira DS, Costa JSD. Fatores associados à não realização de pré-natal em município de grande porte. Revista de Saúde Pública. 2014; 48, (6): 977-984. DOI: 10.1590/S0034-8910.2014048005283

Tomasi E, Fernandes PAA, Fischer T, Siqueira FCV, Silveira DS. Qualidade da atenção pré-natal na rede básica de Saúde do Brasil: indicadores e desigualdades sociais. Cadernos de Saúde Pública. 2017; 33(3): 1-11. DOI: 10.1590/0102-311X00195815

Downloads

Publicado

2023-06-22

Edição

Seção

Artigos Originais