Até que ponto eu aguento? Uma investigação das vivências e percepções de labor de mulheres motoristas de aplicativo

Autores

  • Juliana Carvalho De Sousa Universidade Federal do Piauí (UFPI)
  • Agostinha Mafalda Barra de Oliveira Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)/Docente
  • Aline Francilurdes Nery do Vale Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)/Doutoranda
  • Nataly Inêz Fernandes dos Santos Docente na Faculdade Católica Santa Teresinha - FCST.

DOI:

https://doi.org/10.18316/desenv.v12i1.10896

Palavras-chave:

Uberização do trabalho, Contexto de Trabalho, Mulheres.

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo investigar as vivências e percepções das motoristas de aplicativos, tendo em vista a uberização do trabalho sob a luz do contexto de trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva. Foram realizadas oito entrevistas semiestruturada com motoristas mulheres de aplicativos de entrega e transportes. O roteiro utilizado foi baseado na Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), de Mendes e Ferreira (2008). Os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo de Bardin (2015). Os resultados demonstraram que o motivo para escolha da profissão são a renda imediata, a flexibilidade de horários e a independência. Já especificamente com relação ao Contexto de Trabalho, destacaram-se na dimensão Condições de Trabalho, o calor, as ruas esburacadas, ambiente perigoso, a variação de taxas por aplicativos, carro com marcha câmbio manual, trânsito caótico e acidente. Na dimensão Organização de Trabalho, enfatizaram-se os incentivos para bater metas, pressão pessoal, jornada tripla de trabalho, alimentação de rua, falta de tempo para família e lazer, controles e punições. E na dimensão Relações Socioprofissionais, constataram-se o apoio no WhatsApp, interação limitada, preconceito dos amigos, preconceito dos colegas, estranheza dos clientes, preconceito dos clientes, discriminações e limitações e assédio dos clientes.

Biografia do Autor

Juliana Carvalho De Sousa, Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Doutora em Administração (UNP)

Agostinha Mafalda Barra de Oliveira, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)/Docente

Doutora em Psicologia Social e Antropologia das Organizações pela Universidad de Salamanca (2009) - titulação validada pela Universidade Federal da Bahia (2010).

Aline Francilurdes Nery do Vale, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)/Doutoranda

Mestre em Administração (UFERSA)

Nataly Inêz Fernandes dos Santos, Docente na Faculdade Católica Santa Teresinha - FCST.

Mestre em Administração (UFERSA)

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Publicado

2023-09-27

Edição

Seção

Artigos