A conciliação de princípios da economia solidária e dos negócios de impacto socioambiental

O caso BioFairTrade

Autores

  • Ana Clara Aparecida Alves de Souza IFRS
  • Maira Petrini PUCRS

Resumo

A economia solidária tem como base a mudança da lógica econômica que funda o sistema capitalista, no qual grandes organizações estão sempre em vantagem tecnológica e competitiva em relação aos pequenos e médios negócios. Já os denominados Negócios de Impacto Socioambiental (NIS) não questionam os fundamentos do sistema capitalista em si, mas propõem novos modelos de negócios, apontando caminhos alternativos possíveis dentro da lógica existente. Ontologicamente, esses dois conceitos partem de perspectivas distintas, entretanto, é possível verificar empreendimentos que apresentam nas suas características e práticas um modelo de conciliação de princípios presentes tanto na EcoSol quanto nos NIS. Entende-se que, apesar da uma divergência paradigmática, tais conceitos podem ser conciliados e, com isso, as iniciativas de EcoSol e NIS fortalecidas e potencializadas. Considerando tais aspectos, é possível convocar ao debate os esforços que têm sido feitos no campo dos chamados negócios de impacto socioambiental. Similarmente àquilo que se vislumbra na economia solidária, as discussões sobre NIS têm crescido substancialmente e visam estabelecer uma reconfiguração em modelos de negócios. Nesse sentido, este estudo propõe, por meio do estudo de caso de um NIS permeado por aspectos da economia solidária, discorrer sobre caminhos de conciliação de princípios entre ambos os conceitos.

Biografia do Autor

Ana Clara Aparecida Alves de Souza, IFRS

Professora Visitante no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS Campus Canoas). Doutora em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC). 

Maira Petrini, PUCRS

Professora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUCRS. Doutorado em Administração pela Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas - SP e Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Referências

ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Editora Elefante, 2019.

BARKI, E.; COMINI, G. M.; TORRES, H. D. G. Negócios de impacto socioambiental no Brasil: como empreender, financiar e apoiar. São Paulo: ICE/FGV Editora, 2019.

BARKI, E.; RODRIGUES, J.; COMINI, G. M. Negócios de impacto: um conceito em construção. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 9, n.4, p. 477-501, 2020.

BOWEN, H. R. Social Responsibilities of the Businessman. New York: Harper & Row, 1953.

BRASIL. Decreto Nº 7.358, de 17 de novembro de 2010. Institui o Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário - SCJS, cria sua Comissão Gestora Nacional, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7358.htm Acesso em: 08 jul. 2023.

CARROLL, A. B. Managing corporate social responsibility. Boston: Little, Brown, 1977.

CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate social performance. Academy of Management Review, v. 4, p. 497-505, 1979.

CARROLL, A. B. Corporate Social Responsibility: evolution of a definitional construct. Business Society, v. 38, n.3, 1999.

COMINI, G. M. Negócios sociais e inovação social: um retrato de experiências brasileiras (Tese de livre docência), Universidade de São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/12/tde-15122016-143942/en.php Acesso em: 01 jul. 2023.

CRESWELL, J. W.; CRESWELL, J. D. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Penso Editora, 2021.

DRAGUSANU, R.; GIOVANNUCCI, D.; NUNN, N. The economics of fairtrade. Journal of Economic Perspectives, v. 28, n.3, p. 217-236, 2014. Disponível em: https://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/jep.28.3.217 Acesso em: 01 jul. 2023.

FERRARINI, A.; GAIGER, L.; SCHIOCHET, V. Economia social e solidária: estado da arte e agenda de pesquisa. Revista Brasileira de Sociologia, v.6, n.12, p.157-180, 2018.

COHEN, R. Impact: Reshaping capitalism to drive real change. Random House, 2020.

FISCHER, R. M. Negócios Sociais. (2014). In BOULLOSA, R. F. (ed.), Dicionário para a

Formação em Gestão Social. Salvador, BA: CIAGS/UFBA, 2014, p.125-127. Disponível em: https://ud10.arapiraca.ufal.br/web/content?model=ud.biblioteca.anexo&field=arquivo&id=6030&download=true&filename_field=name Acesso em: 05 mai. 2023.

FRANÇA FILHO, G. C. Teoria e prática em economia solidária: problemática, desafios e vocação. Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 7, n.1, p.155-174, 2007.

FRANÇA, R.; NYLÉN, E. J.; JOKINEN, A.; JOKINEN, P. Filling the social gap in the circular economy: How can the solidarity economy contribute to urban circularity? In Social and Cultural Aspects of the Circular Economy. Routledge, 2022, p. 27-44.

GAIGER, L. I.; KUYVEN, P. Dimensões e tendências da economia solidária no Brasil. Sociedade e Estado, v. 34, p. 811-834, 2019.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2017.

KAWANO, E. Solidarity economy: Building an economy for people and planet. In The New Systems Reader. Routledge, 2020, p. 285-302.

LAVILLE, J. L. The solidarity economy: an international movement. A selection from the Portuguese journal Revista Crítica de Ciências Sociais. RCCS Annual Review, v. 2, 2010.

LÁZARO, L. L. B.; GREMAUD, A. P. A responsabilidade social empresarial e sustentabilidade na América Latina: Brasil e México. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, v. 9, n.1, p.138-155, 2016.

LEE, S. Role of social and solidarity economy in localizing the sustainable development goals. International Journal of Sustainable Development & World Ecology, v. 27, n.1, p. 65-71, 2020.

MANNE, H. G.; WALLICH, H. C. The modern corporation and social responsibility. Washington, DC: American Enterprise Institute for Public Policy Research, 1972.

MARINS, J. A era do impacto: o movimento transformador massivo da liberdade, das novas economias, dos empreendedores sociais e da consciência da humanidade. Curitiba: Voo, 2019.

MASCARENHAS, G. O movimento do comércio justo e solidário no

Brasil: entre a solidariedade e o mercado. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. CPDA/UFRRJ, 2007. Disponível em: https://tede.ufrrj.br/jspui/handle/tede/690 Acesso em: 05 mai. 2023.

PICOLOTTO, E. Novos movimentos sociais econômicos: economia solidária e comércio justo. Otra Economía, v. 2, n.3, p.74-92, 2008.

RÊGO, M. W. M. A contribuição do comércio justo de produtos artesanais para o desenvolvimento local sustentável: um estudo dos grupos produtivos das cidades de Camaragibe e Gravatá em Pernambuco. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP. Universidade de Pernambuco – UPE, 2012. Disponível em: https://w1files.solucaoatrio.net.br/atrio/upe-gdls_upl/THESIS/12/dissertao_mrcio_waked_de_moraes_rgo_v22_final.pdf Acesso em: 05 mai. 2023.

SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, M. P. B. Metodologia de pesquisa. 5.ed. Porto Alegre: Penso, 2013.

SINGER, P. Dez anos de secretaria nacional de economia solidária - SENAES (2014). Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/3784 Acesso em: 10 jun. 2023.

SINGER, P. Introdução à economia solidária. Fundação Perseu Abramo, 2002.

STAKE, R. E. Qualitative case studies. In DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (eds.), Strategies of qualitative inquiry. Sage Publications, Inc, 2008, p. 119-149.

VILLALBA-EGUILUZ, U.; PÉREZ-DE-MENDIGUREN, J. C. La economía social y solidaria como vía para el buen vivir. Iberoamerican Journal of Development Studies, v. 8, n. 1, p. 106-136, 2019.

Downloads

Publicado

2024-03-06

Edição

Seção

Artigos