Sou o que sou pelo que todos nós somos: Sobre Ubuntu, Direito, favelas e negritude
DOI:
https://doi.org/10.18316/redes.v12i3.8804Palavras-chave:
Teoria do Direito, Decolonial, Ubuntu, FavelaResumo
Ubuntu é um ethos filosófico africano que representa um binarismo marcante ao ser comparado com o atual cenário político-social, principalmente se tratando de países que foram colonizados e que se encontram integrados à estrutura capitalista neoliberal. O povo Bantu acredita que somos formados e temos nossas subjetividades desenvolvidas a partir de tudo e todos que nos rodeiam. O completo oposto ao individualismo, universalista e isolador. O Direito advém da cultura imperialista europeia na qual os indivíduos tendem a dispensar todos além de si mesmos. Ubuntu possibilita um ensejo de interpretar o Direito de forma alternativa. A favela, remanescente comparativa ao que foram os quilombos, se torna exemplo dessa dualidade entre Ubuntu e a postura ocidental. Percebe-se que a prática da formulação de um Direito que se alimenta de preceitos diferentes daqueles normalmente estabelecidos, pode responder como um prospecto alternativo para compreender o Direito e como ele atua no presente.
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