Psiquiatria e Educação: o caráter pedagógico da Medicina Psiquiátrica de Inaldo de Lira Neves-Manta
DOI:
https://doi.org/10.18316/1143Palabras clave:
História da Educação, Medicina Psiquiátrica, Academia Nacional de Medicina, drogas e vícios.Resumen
O presente trabalho analisa a sustentação do argumento da criminalização das drogas no século XX, através da medicina psiquiátrica de Inaldo de Lira Neves-Manta. Membro da Academia Nacional de Medicina, cuja memória escrita para ingresso na instituição versa sobre o tema, ele dedica boa parte de sua vida aos compromissos institucionais. Entendemos a Academia Nacional de Medicina como parte do dispositivo médico e as teses do psiquiatra, como modos de concretização do pensamento desse agrupamento de médicos, através das quais se materializam os projetos do governo. A concepção do vício como doença do comportamento, como anormalidade da competência da clínica psiquiátrica, define dois pontos fundamentais do dispositivo da medicina no início do século XX: 1- a consolidação da clínica psiquiátrica como especialidade médica, com sua especificidade de objeto, abordagens e procedimentos; 2 – a entronização da racionalidade psi- (psiquiátrica, psicanalítica) no campo da educação, seguindo a vertente do dispositivo médico centrado no higienismo, como desdobramento deste na abordagem eugenista. Neves-Manta é aqui entendido como representante de um grupo médico responsável pela elaboração e difusão, ao longo do século XX, das teses que sustentavam o uso de drogas como enfermidade física e moral. Seu trabalho e o da instituição aparecem especialmente nos momentos em que o estado de direito esteve suspenso e a governamentalidade do país precisou de reforços.
Citas
BERRIDGE, Virgínia. Dependência: história dos conceitos e teorias. In: EDWARDS, G. & LADER, M. A Natureza da Dependência das Drogas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
CAPONI, Sandra. “Michel Foucault e a Persistência do Poder Psiquiátrico”. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 1, janeiro-fevereiro, 2009, p. 95-103. Disponível em: https://docs.google.com/viewer?url=http://www.redalyc.org/pdf/630/63014111.pdf&chrome=true.
COSTA, Jurandir Freire. História da Psiquiatria no Brasil. 5 ed., Rio de Janeiro: garamond, 2007.
DARMON, Pierre. Médicos e Assassinos na Belle Époque. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
ENGEL, Magali G. Os Delírios da Razão – médicos, loucos e hospícios (Rio de Janeiro, 1830-1930). Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2001.
FACCHINETTI, Cristiana. O Brasileiro e seu Louco: notas preliminares para uma análise de diagnósticos. In: NASCIMENTO, Dilene Raimundo do; CARVALHO, Diana Maul de. (Org.). Uma História Brasileira das Doenças. v. 1, Rio de Janeiro: Paralelo 15, 2004, p. 295-307.
GONDRA, J. G. – Medicina, higiene e educação escolar. In: FARIA FILHO, L. M. de (Org.). 500 anos de educação no Brasil. 2ª edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, p. 519-550.
FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. 20 ed. São Paulo: Loyola, 2010.
____________. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
____________. O Poder Psiquiátrico. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
____________. Os Anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
HARRIS, Ruth. Assassinato e loucura. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
MACHADO, Roberto; LOUREIRO, Ângela; LUZ, Rogério; MURICY, Kátia. Danação da norma: a medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1978.
MASSAUD, Moisés. História da Literatura Brasileira. v. II. São Paulo: Cutrix, 2001.
NUNES, Clarice. Cultura Escolar, Modernidade Pedagógica e Política Educacional no Espaço Urbano Carioca. In: Missionários do Progresso – Médicos, Engenheiros e Educadores no Rio de Janeiro (1870-1937). P.
ODA, Ana Maria G. R.; Dalgalarrondo, Paulo. “O início da assistência aos alienados no Brasil ou importância e necessidade de estudar a história da psiquiatria”. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. VII, n. 1, p. 128-41, março/2004.
PORTOCARRERO, Vera. Os Arquivos da Loucura: Juliano Moreira e a Descontinuidade Histórica da Psiquiatria. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. Loucura & Civilização collection, v.4. Disponível em: http://static.scielo.org/scielobooks/p26q6/pdf/portocarrero-9788575413883.pdf.
SANTOS, Fernando S. Dumas dos. Alcoolismo: A Invenção de uma Doença. Campinas: IFCH –UNICAMP, 1995. Dissertação de Mestrado (mimeo).
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo, Companhia de Letras, 2002.
______ . O Espetáculo da Miscigenação. In: DOMINGUES, Heloisa Maria B.; SÁ, Magali R. In: GLICK, Thomas (Orgs.) A Recepção do Darwinismo no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.
SKIDMORE, Thomas E. Preto no Branco: raça e nacionalismo no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
SILVA, Maria de Lourdes. Drogas - da medicina à repressão policial: a cidade do Rio de Janeiro entre 1921 e 1945. 2009. 292 f. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
TELES, Gilberto Mendonça. O lu(g)ar dos Sertões. Verbo de Minas - Letras on-line. Juiz de Fora, v. 8, n. 16, jul./dez. 2009. p. 71 - 108. Disponível em: http://web2.cesjf.br/sites/cesjf/revistas/verbo_de_minas/edicoes/2010_1/06_GILBERTO__VM_1_2010.pdf . Acesso em: 10/01/2010.
1 - Fontes Primárias:
FONTENELLE, J.P. – Editorial. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental. Rio de Janeiro, Anno 1, nº 1, s/p, mar, 1925.
________________. Hygiene mental e educação. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental. Rio de Janeiro, Anno I, nº 1, p.1-10, maio, 1925.
NEVES-MANTA, Inaldo de Lira. O Homem e o Tóxico. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1986.
___________. A Arte e a Neurose de João do Rio. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
ACERVO PESSOAL DE INALDO DE LIRA NEVES-MANTA. Museu da Academia Nacional de Medicina.
JORNAL DO COMMERCIO – 01/06/1928.
JORNAL O GLOBO – 13/09/1983.
COLEÇÃO DE LEIS DA REPÚBLICA (1889-2000). Disponível em: www.camara.gov.br/internet/InfDoc/novoconteudo/ legislacao/republica/leis1921v5-512p/pdf-04.pdf . Acesso: 18/05/2006.
NOVO CÓDIGO CIVIL. In: http://www.jucepa.pa.gov.br/downloads/docs/pdf/Novo_codigo_civil.pdf . Acesso em: 10/01/2011.
REVISTA ARCHIVOS BRASILEIROS DE HIGYENE MENTAL. Ano I, n. 1.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Los autores que presenten sus manuscritos a ser publicado en la revista acepta los siguientes términos:
Autores conservan el derecho de autor y conceder a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo a la vez bajo la licencia Creative Commons atribución de licencias que permite el intercambio de trabajo con el reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
En virtud de lo dispuesto en los artículos aparecen en esta revista para el acceso del público, los artículos son de libre uso, con deberes, en aplicaciones educativas y no comerciales.