O direito romano e a crítica marxiana-engelsiana do direito

Autores

  • Igor Moraes Santos Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.18316/redes.v11i1.4967

Resumo

O presente trabalho examina reflexões de Marx e Engels sobre o direito romano, pretendendo entrever a sua sintonia com as tendências jurídicas do século XIX e com a crítica do direito desenvolvida pelos autores. Verifica-se que os exemplos jusromanistas corroboraram a percepção de que o direito, ao longo da história, serviu de instrumento de oficialização das discrepâncias de poder e das relações de dominação, em especial, pela tutela da propriedade. O direito romano é não apenas fonte histórica, mas também instrumento da burguesia na formação do Estado liberal, motivo pelo qual o seu estudo é permanentemente necessário.

Referências

ALTHUSSER, Louis. Sobre o jovem Marx (Questões de teoria). In: Por Marx. Trad. Maria Leonor F. R. Loureiro. Campinas: Editora da Unicamp, 2015.

BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico. Lições de filosofia do direito. Trad. Márcio Pugliesi, Edson Bini e Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 2006.

BONFANTE, Pietro. História del Derecho Romano. Trad. José Santa Cruz Teijeiro. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1944. vol. 1

CASALINO, Vinícius. Sobre o conceito de direito em Karl Marx. Direito e práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14, p. 317-349, 2016.

CÍCERO. Las Leyes. Trad. Álvaro D’Ors. Madrid: Instituto de Estudios Políticos, 1953.

_______. Sobre la República. Trad. Álvaro D’Ors. Madrid: Gredos, 1984.

CORREIA, Alexandre; SCIASCIA, Gaetano. Manual de Direito Romano. Volume II: Institutas de Gaio e Justiniano vertidas para o português. São Paulo: Saraiva, 1951.

ENDERLE, Rubens. O jovem Marx e o “Manifesto filosófico da escola histórica do direito”. Crítica Marxista, Campinas, n. 20, p. 111-122, 2005.

ENGELS, Friedrich. Anti-Dühring. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

_______. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Trad. Leandro Konder. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984.

_______. Carta de Engels a C. Schmidt em Berlim. Londres, 27 de outubro de setembro de 1890. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Obras escogidas. Moscú: Editorial Progreso, 1974a, vol. III.

_______. Carta de Engels a J. Bloch em Königsberg. Londres, 21-[22] de setembro de 1890. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Obras escogidas. Moscú: Editorial Progreso, 1974, v. III.

_______. Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã. In: Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 4, n. 2, p. 131-166, dez. 2012.

_______. Sobre a questão da moradia. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2015.

ENGELS, Friedrich; KAUTSKY, Karl. O socialismo jurídico. Trad. Lívia Cotrim e Márcio Bilharinho Naves. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução do Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

GADAMER, Hans-Georg. O que é a verdade? In: GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método II: complementos e índice. Trad. Enio Paulo Giachini. Revisão da tradução de Marcia Sá Cavalcante-Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002.

_______. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Trad. Flávio Paulo Meurer. Revisão de Enio Paulo Giachini. 13. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2013.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito. Trad. Paulo Meneses. 9. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2014.

_______. Filosofia da História. Trad. Maria Rodrigues e Hans Harden. 2. ed. Brasília: Editora UnB, 2008.

_______. Filosofía del derecho. Trad. Angélica Mendoza de Montero. 5. ed. Buenos Aires: Claridad, 1968.

HESPANHA, António Manuel. A cultura jurídica europeia: síntese de um milénio. Coimbra: Almedina, 2012.

JUSTINIANO. Cuerpo del Derecho Civil Romano: Instituta.-Digesto. Trad. D. Ildefonso L. García Del Corral. Barcelona: Kriegel, Hermann y Osenbrüggen, 1889. t. I.

KELLEY, D. R. The Metaphysics of Law: an Essay on the Very Young Marx. In: JESSOP, Bob; WHEATLEY, Russell. Karl Marx's Social and Political Thought: Critical Assessments. London; New York: Routledge, 1999.

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Trad. João Baptista Machado. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

KLINE, Donna. C. Dominion and Wealth: A Critical Analysis of Karl Marx's Theory of Commercial Law. Dordrecht: Reidel, 1987.

LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. Trad. José Lamego. 3. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997.

LATORRE, Angel. Metodología marxista y derecho romano. Estudios clásicos, n. 86, p. 277-290, 1981-1983.

LEVINE, Norman. The German Historical School of Law and the origins of historical materialism. Journal of the History of Ideas, v. 48, n. 3, p. 431-451, jul./set. 1987.

LUKÁCS, György. Para uma ontologia do ser social II. Trad. Nélio Schneider et al. São Paulo: Boitempo, 2013.

MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. Trad. Florestan Fernandes. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

_______. Crítica à Filosofia do Direito de Hegel. Trad. Rubens Enderle e Leonardo de Deus. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2010.

_______. Crítica do programa de Gotha. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2012.

_______. Grundrisse. Trad. Martin Nicolaus. London: Penguin Books, 1993.

_______. Grundrisse. Trad. Mario Duaryer. São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011b.

_______. Manuscritos Econômico-Filosóficos. Trad. Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2004.

_______. A miséria da filosofia. Trad. José Paulo Netto. São Paulo: Global, 1985.

_______. O 18 de Brumário de Luis Bonaparte. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2011a.

_______. O Capital: crítica da economia política. Livro I. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

_______. O Capital. Volume II. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe São Paulo: Nova Cultural, 1996.

_______. O Capital. Volume IV. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe São Paulo: Nova Cultural, 1986.

_______. O Manifesto filosófico da Escola Histórica do Direito. Texto extraído de Gazeta Renana, 9 ago. 1842. Tradução de Pádua Fernandes. Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 265-273, 2007.

_______. The Value-Form. Appendix to the 1st German edition of Capital, Volume 1, 1867. Translation by Mike Roth and Wal Suchting. Capital and Class, Limerick, n. 4, p.130-150, prim. 1978.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Trad. Rubens Enderle, Nélio Schneider e Luciano Cavini Martorano. São Paulo: Boitempo, 2007.

_______. A sagrada família. Trad. Marcelo Backes. São Paulo: Boitempo, 2011.

_______. Manifesto Comunista. Trad. Posvaldo Coggiola. São Paulo: Boitempo, 2008.

MASCARO, Alysson. Filosofia do Direito. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. O estoicismo imperial como momento da ideia de justiça: universalismo, liberdade e igualdade no discurso da Stoá em Roma. 2009. 416f. Tese (Doutorado em Filosofia do Direito) - Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

MUSSE, Ricardo. O primeiro marxista. In: A obra teórica de Marx: atualidade, problemas e interpretações. São Paulo: IFCH/Xamã, 2002.

NAVES, Márcio Bilharinho. A questão do direito em Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2014.

NIEBUHR, Barthold Georg. Lectures on the History of Rome. Ed. Leonhard Schimitz. 2. ed. London: Taylor, Walton, and Maberly, 1850, v. I.

_______. The history of Rome. Trad. Julius Charles Hare e Connop Thirlwall. London: Walton and Maberly, 1855, v. 2.

ROCES, Wenceslao. Necesidad de actualizar la enseñanza del derecho romano. Derecho romano y marxismo. Revista de la Facultad de Derecho de México, México, t. XXIII, n. 89-90, p. 285-296, jan./jun. 1973.

RODRÍGUEZ AGUDELO, Germán Daniel. Marx revisitado: apuntes sobre el Derecho y el Estado en la obra temprana de Karl Marx. Via Iuris, Bogotá, n. 11, p. 91-106, jul./dez. 2011.

SALGADO, Joaquim Carlos. A ideia de justiça em Hegel. São Paulo: Loyola, 1996.

_______. A ideia de justiça no mundo contemporâneo: fundamentação e aplicação do direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.

SARTORI, Vitor Bartoleti. Considerações sobre transformação social e Direito em Marx e Engels: sobre a necessidade de uma crítica decidida ao “terreno do direito”. In: LIPPSTEIN, Daniela; GIACOBBO, Guilherme; MOREIRA, Rafael Bueno da Rosa. Políticas públicas, espaço local e marxismo. Santa Cruz do Sul: Essere del Mondo, 2015.

_______. Direito e socialismo? A atualidade da crítica de Marx e Lukács ao Direito. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, p. 277-300, 2014.

_______. Friedrich Engels e o duplo aspecto da igualdade. Revista da Faculdade de Direito da UFMG, Belo Horizonte, n. 68, p. 707-755, jan./jun. 2016.

SAVIGNY, Friedrich Karl von. Metodologia jurídica. Trad. J. J. Santa-Pinter e Hebe A. M. Caletti Marenco. Campinas: Edicamp, 2001.

_______. Sistema del derecho romano actual. Trad. M. Ch. Guenoux e Jacinto Mesía y Manuel Poley. Madrid: F. Góngora y companhia, 1878, t. I.

_______. Tratado de la posesion, segun los principios de derecho romano. Madrid: Imprenta de la Sociedad Literaria y Tipografica, 1845.

VAZ, Henrique C. de Lima. Escritos de Filosofia II: Ética e Cultura. São Paulo: Loyola, 1988.

VILLEY, Michel. Le Droit Romain. Paris: Presses Universitaires de France, 1949.

WHITMAN, James Q. The legacy of Roman Law in the German Romantic Era: historical visión and legal change. Princeton: Princeton University Press, 1990.

_______. The moral menace of Roman Law and the making of commerce: some Dutch evidence. Faculty Scholarship Series, New Haven, 1996, paper 654.

WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno. Trad. António Manuel Hespanha. 4. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2010.

ŽIŽEK, Slavoj. The Sublime Object of Ideology. London; New York: Verso, 1989.

Downloads

Publicado

2023-06-30

Edição

Seção

Artigos