Cansaço de si e cuidado dos outros: a precarização das relações profissionais de mulheres vinculadas aos serviços gerais de limpeza terceirizada no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
DOI:
https://doi.org/10.18316/redes.v8i2.7124Palabras clave:
Mulheres, Terceirização, Neoliberalismo, Administração Pública.Resumen
A política econômica neoliberal é um fenômeno preocupante à medida que não demonstra apenas versatilidade de autoajuste na economia dos países globais. Ela também age nas relações subjetivas de gênero e trabalho, alterando o entendimento das classes sociais sobre o valor do seu próprio trabalho. Pensando nisso, a pesquisa realizada no TJRS buscou apresentar a rotina institucional de trabalhadoras terceirizadas no setor de limpeza, asseio e conservação geral dentro dos quadros da Administração Pública. A escolha de desenvolver o estudo sociológico sobre o tema da terceirização questiona o argumento da “modernização econômica”, usado para sustentar uma governabilidade de reestruturação do Estado, sob a condução hegemônica do neoliberalismo na área trabalhista. Para isso, o problema de pesquisa busca compreender como a violência econômica neoliberal se sobressai de diferentes formas psicológicas, impondo exigências e obrigações maiores sobre os corpos e a vida das mulheres, de formas não tão perceptíveis nas relações sociais. Interrogou-se, portanto, que percepções as múltiplas jornadas de trabalho das mulheres despertam e de que maneira se articulam com a distribuição cultural de maiores atividades de desempenho e de entrega de resultados (no trabalho reprodutivo e no produtivo). Como metodologia de pesquisa, adotamos o método de entrevistas semi estruturadas, trazendo a narrativa de 13 trabalhadoras terceirizadas. Verificamos se existe, de fato, uma racionalidade neoliberal que, em linhas gerais, opera no sentido de precarizar, adoecer e empobrecer ainda mais, demonstrando tais efeitos como alguns de seus maiores ímpetos. A terceirização é definida como um método, uma das amostragens dessa racionalidade neoliberal, que surge como um potente problema político de justiça, ao estacionar questões de gênero na desigualdade. Os resultados da pesquisa empírica se mostraram condizentes com as hipóteses de autoexploração levantadas, e embasaram o pressuposto da investigação foi organizada em 11 categorias de análise diferentes. O recorte desse estudo busca encontrar gatilhos para repensarmos a divisão sexual do trabalho, as condições de precarização da mão de obra terceirizada, as desigualdades de gênero e na crise política do cuidado como grandes problemas para a democracia.
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