O conceito de Segurança Jurídica problematizado: contribuições da linguística e do anarquismo epistemológico

Autori

DOI:

https://doi.org/10.18316/redes.v11i3.7076

Parole chiave:

Segurança Jurídica, Linguística, Anarquismo Epistemológico, Decisão, Ética

Abstract

O presente artigo pretendeu empreender uma análise linguística dos conceitos de Segurança Jurídica, refletindo-os dentro de uma problemática decisória à luz do Anarquismo Epistemológico de Feyerabend. Identificaram-se dois grupos principais de noções para as quais se podem direcionar a opção de conceituação: uma positivista, cujo significado reside na padronização e normatividade da lei; outra neoconstitucionalista ou novo-paradigmática, cujo significado decorre da opção principiológica da confiança no Estado e sua não-perversidade. Trazida para dentro do processo decisório, as contribuições linguísticas apontam para que a interpretação seja feita: a) usando-se da linguagem comum ao máximo que possível; b) descrevendo ao máximo os contextos de produção e veiculação da mensagem; c) sendo redundante, dispondo o mesmo conteúdo da mensagem sob diversas formas. Já pela perspectiva anarcoepistemológica, delineia-se uma nova ética que observa: a) como a Idealista, os valores da proposição de contexto ideal desejado; b) como a realista-consequencialista, as condições e conflitos reais do momento da decisão; c) diferentemente deste última, preocupa-se especialmente com os efeitos sobre a estrutura, metacomunicando-os, e as oportunidades de subverter o status quo, assumindo como externalidade positiva a desestabilização imediata desde que voltada a uma intervenção e mudança em direção ao ideal.

Biografia autore

Rafael Sarto Muller, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutorando em Letras-Literatura pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário Una. Licenciado em Letras-Português pela Universidade Estácio de Sá.

Riferimenti bibliografici

ALMEIDA, Ana Lia Vanderlei. O Apartheid do direito: reflexões sobre o positivismo jurídico na periferia do capital. Revista Direito e Práxis, v. 8, n. 2, p. 869–904, 14 jun. 2017. https://doi.org/10.12957/dep.2017.23508.

ARNT RAMOS, André Luiz. Segurança jurídica e indeterminação normativa deliberada: elementos para uma Teoria do Direito (Civil) Contemporâneo. Curitiba: Juruá, 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 28 abr. 2020.

BRASIL. Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 1999a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9784.htm. Acesso em: 28 abr. 2020.

BRASIL. Lei no 9.868, de 10 de novembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. 1999b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9868.htm. Acesso em: 28 abr. 2020.

BRASIL. Lei no 9.882, de 3 de dezembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da argüição de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1o do art. 102 da Constituição Federal. 1999c. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9882.htm. Acesso em: 22 jun. 2020.

BRASIL. Lei no 13.655, de 25 de abril de 2018. Inclui no Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Lei/L13655.htm. Acesso em: 28 abr. 2020.

CARPENTER, Edward. Modern Science: A Criticism. 1888. Disponível em: https://web.mit.edu/redingtn/www/netadv/SP20150706.html. Acesso em: 13 mar. 2021.

COELHO, Fábio Ulhoa. A alocação de riscos e a segurança jurídica na proteção do investimento privado. Revista de Direito Brasileira, v. 16, n. 7, p. 291–304, 1 abr. 2017. https://doi.org/10.5585/rdb.v16i7.542.

CRITCHLEY, Simon. Desconstrução e pragmatismo - Derrida é um ironista privado ou um liberal público? In: MOUFFE, Chantal (org.). Desconstrução e Pragmatismo. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016. p. 35–67.

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. Disponível em: https://www.academia.edu/5281166/Discurso_e_Mudança_Social_-_Norman_Fairclough. Acesso em: 6 abr. 2020.

FEYERABEND, Paul. Contra o método. São Paulo: Ed. UNESP, 1977. Disponível em: https://soife.files.wordpress.com/2009/06/paul-feyerabend-contra-o-metodo.pdf. Acesso em: 28 mar. 2020.

GILL, Peter. Alguns aspectos da reforma da inteligência na América Latina. Varia Historia, v. 28, n. 47, p. 101–120, jun. 2012. DOI 10.1590/S0104-87752012000100006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-87752012000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 28 maio 2020.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

JAKOBSON, Roman. Linguistica e comunicação. São Paulo (SP): Cultrix, 2010. Disponível em: https://rl.art.br/arquivos/3827452.pdf?1345941387. Acesso em: 7 abr. 2020.

JONES, Jennifer Morgan. Is Ethical Intelligence a Contradiction in Terms? Ethics of Spying: A Reader for the Intelligence Professional. [S. l.: s. n.], 2010. p. 21–31. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=ICq7gAMV2OUC&oi=fnd&pg=PA21&ots=b8_hE0zDNd&sig=PdCBml_To77jCfDgDc5MrazF0uw&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 10 abr. 2020.

LACLAU, Ernesto. Desconstrução, pragmatismo, hegemonia. In: MOUFFE, Chantal (org.). Desconstrução e Pragmatismo. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016. p. 77–105.

LEIRNER, Piero de Camargo. Hierarquia e Individualismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

MATSUSHITA, Mariana Barboza Baeta Neves. (In) Segurança Jurídica tributária sob o prisma da Teoria dos Jogos: uma análise com base nos ensinamentos de John Nash e Gregório Robles. 2018. 189 f. Tese – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=6600971. Acesso em: 28 abr. 2020.

MENDES, Clarissa Braga. Segurança Jurídica e Correção das Decisões. Direito Público, 1 mar. 2011. DOI 10.11117/22361766.44.8.2069. Disponível em: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/2069/1089. Acesso em: 20 ago. 2022.

MOUFFE, Chantal. Desconstrução, pragmatismo e a política da democracia. In: MOUFFE, Chantal (org.). Desconstrução e Pragmatismo. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016. p. 9–25.

NOBRE, Marcos. A Teoria Crítica. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

PLATÃO. A República [recurso eletrônico]. Organização: Daniel Alves Machado – Brasília: Editora Kiron, 2012.

PEREIRA, Wilson Medeiros. Flexibilização da coisa julgada e segurança jurídica. De Jure - Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, v. 13, n. 23, 2014. DOI 10.5935/1809-8487.20140024. Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/1809-8487.20140024. Acesso em: 20 ago. 2022.

PIRES, Luis Manuel Fonseca. Razões (e práticas) de Estado: os mal-estares entre a liberdade e a segurança jurídica. Revista de Investigações Constitucionais, v. 3, n. 3, p. 167–189, set. 2016. https://doi.org/10.5380/rinc.v3i3.48536.

REDONDO, María Belén. El juez humanista: el nuevo guardián del derecho en el paradigma neoconstitucional. Cuestiones constitucionales, n. 40, p. 141–170, jun. 2019. DOI 10.22201/iij.24484881e.2019.40.13230. Disponível em: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1405-91932019000100141&lng=es&nrm=iso&tlng=es. Acesso em: 8 abr. 2020.

SILVA, Daniel Marra da; MILANI, Sebastião Elias. Saussure - As consequências da instituição de um elemento híbrido, a langue, sistema/fato social, como objeto da linguística. Anais do SILEL, v. 2, n. 2, 2011. Disponível em: http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/wp-content/uploads/2014/04/silel2011_1602.pdf. Acesso em: 5 abr. 2020.

TOLSTÓI, Liev. Os últimos dias [recurso eletrônico]. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Pubblicato

2024-06-21

Fascicolo

Sezione

Artigos