Crise ou exceção permanente? Duas hipóteses para a “inefetividade” do Estado democrático de direito no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.18316/REDES.v12i29569Abstract
O Estado democrático de direito se dissemina globalmente como valor universal, contudo as razões para a “inefetividade” de suas promessas atendem a fatores específicos. Deslocando o olhar das crises conjunturais do constitucionalismo brasileiro em direção às estruturas sociais que impossibilitam a realização das suas pretensões emancipatórias, o presente trabalho analisa duas razões para a exceção permanente vivenciada no Brasil: a desigualdade estrutural que constitui o nosso modo de sociabilidade e a destituição da legalidade comum em tempos de hegemonia do neoliberalismo. Com base na articulação entre a teoria do direito, a filosofia política e a sociologia da modernidade periférica, o estudo conclui que a “lei do abandono” constitui o modo de funcionamento do Estado brasileiro. Desse modo, a luta pelo direito em nossa realidade periférica deve manter a consciência crítica desses limites estruturais como forma de não recair num juridicismo que reproduza e legitime a exceção como regra.Riferimenti bibliografici
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Tradução de Iraci D. Poleti. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTILI, Pablo (orgs). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Sistema penal máximo x cidadania mínima: códigos da violência na era da globalização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BERCOVICI, Gilberto. O estado de exceção econômico e a periferia do capitalismo. Revista Pensar, Fortaleza, v. 11, 2006.
CORREAS, Oscar. El neoliberalismo en el imaginario jurídico. In: Direito e neoliberalismo: elementos para uma leitura interdisciplinar. Curitiba: EDIBEJ, 1996.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.
DUFOUR, Dany-Robert. A arte de reduzir as cabeças: sobre a nova servidão na sociedade ultraliberal. Tradução: Sandra Regina Felgueiras. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2005.
FARIA, José Eduardo (org). Direito e globalização da economia: implicações e perspectivas. São Paulo: Malheiros, 1996.
FARIA, José Eduardo. Retórica política e ideologia democrática: a legitimação do discurso jurídico liberal. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984a.
FARIA, José Eduardo. Sociologia Jurídica: Crise do direito e práxis política. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1984b.
HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
HESPANHA, Antonio Manuel. A cultura jurídica europeia: síntese de um milênio. Coimbra: Almedina, 2012.
MARTOS, Frederico Thales; MARTOS, José Antonio de Farias. A Influência do Banco Mundial na Reforma do Poder Judiciário e no Acesso à Justiça no Brasil. In: KNOERR, Fernando; NEVES, Rubia; CRUZ, Luana (Orgs). Justiça e o paradigma da eficiência na contemporaneidade. Florianópolis: FUNJAB, 2013.
MASCARO, Alysson Leandro. Crítica da Legalidade e do Direito Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
MAZZEO, Antonio Carlos. Estado e burguesia no Brasil: origens da autocracia brasileira. 3 ed. São Paulo: Boitempo, 2015.
MENEGAT, Marildo. Estudos sobre ruínas. Rio de Janeiro: Revan, Instituto Carioca de Criminologia, 2012.
MORAIS, José Luiz Bolzan de. Estado democrático de direito e neoliberalismo no Brasil: algumas interrogações. Revista Seqüência, v. 15, n. 29, 1994.
OLGIATI, Vittorio. Direito positivo e ordens sócio-jurídicas: um “engate operacional” para uma sociologia do direito européia. In: FARIA, José Eduardo (Org). Direito e globalização da economia: implicações e perspectivas. São Paulo: Malheiros, 1996.
OLIVEIRA, Leonardo D’Avila de. Inflação normativa: excesso e exceção. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Direito, 2009.
OURIQUES, Nildo Domingos. O colapso do figurino francês: Crítica às ciências sociais no Brasil. Florianópolis: Insular, 2014.
PHILIPPI, Jeanine Nicolazzi. As modulações do direito contemporâneo em um breve exercício de filosofia do direito. Curitiba: Revista da Faculdade de Direito – UFPR, n. 51, 2010.
PHILIPPI, Jeanine Nicolazzi. Os signos totalitários do mundo ultraliberal. Veredas do Direito, v. 2, n. 4, 2005.
PINTO NETO, Moysés. Esquecer o neoliberalismo: aceleracionismo como terceiro espírito do capitalismo. In: Cadernos IHU Ideias. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2016.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
ROTH, André-Noël. O direito em crise: fim do Estado moderno? In: FARIA, José Eduardo (Org). Direito e globalização da economia: implicações e perspectivas. São Paulo: Malheiros, 1996.
SANTOS, Danielle Maria Espezim; CARDOSO, Helena Schiessl; LEITÃO, Macell Cunha. O lugar dos juristas na (re)produção do direito no Brasil: um ensaio à luz do conceito de cidadania. Revista Direitos Humanos e Democracia, ano 4, n. 8, 2016.
SOUZA, Jessé. A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SOUZA, Jessé. Os batalhadores brasileiros. Nova classe média ou nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.
SOUZA, Jessé. Ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
VASCONCELLOS, Gilberto. Darcy Ribeiro: a razão iracunda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2015.
ZOLO, Danilo. Teoria e crítica do Estado de Direito. In: ZOLO, Danilo; COSTA, Pietro. O Estado de Direito: história, teoria, crítica. Tradução de Carlo Alberto Dastoli. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Downloads
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
Copyright (c) 2024 Revista Eletrônica Direito e Sociedade - REDES
Questo lavoro è fornito con la licenza Creative Commons Attribuzione - Non commerciale 4.0 Internazionale.
Autores que submetem seus manuscritos para serem publicados na Revista REDES concordam com os seguintes termos:
Os autores declaram ter ciência de que mantém os direitos autorais concedendo à REDES o direito à publicação.
Os autores declaram ter ciência de que o trabalho submetido será licenciado sob a Licença Creative Commons atribuição não-comercial que permite o compartilhamento do artigo com reconhecimento da autoria e publicação nesta revista.
Os autores declaram ter ciência que em virtude de os artigos publicados nesta revista tem acesso público e gratuito.
Os autores declaram, sob as penas da lei, que o texto é inédito e original e que têm ciência de que identificada a existência de plágio, os autores plagiados serão informados – para querendo, tomarem as medidas legais nas esferas cível e criminal – e, os autores do plágio terão seu acesso à revista bloqueado.
Os autores declaram que – em caso de coautoria – todos contribuíram significativamente para a pesquisa.
Os autores obrigam-se a fornecer retratações e (ou) correções de erros em caso de eventual detecção.
Os autores obrigam-se a não publicar o texto submetido a REDES em outra Revista eletrônica (ou não).
A Revista Eletrônica Direito e Sociedade - REDES - está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/redes/about/submissions#copyrightNotice.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em http://creativecommons.org/.