Em busca da verdade: uma análise das concepções de verdade nas comissões de verdade e no processo penal brasileiro

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.18316/redes.v8i3.6746

Palabras clave:

Verdade, Justiça de Transição, Comissão de Verdade, Processo Penal, Prova.

Resumen

O reestabelecimento da ordem democrática em países que viveram os infortúnios de um regime totalitário violador de direitos humanos implica na adoção de medidas que objetivam a busca pela verdade dos fatos, a punição para os agentes causadores dos danos e a reparação das vítimas, pilares da Justiça de Transição. A palavra verdade então é aplicada em diversas nuances, sendo essencial discutir quais as concepções adotadas pela Justiça de Transição e pelo Processo Penal, para que se escolha o mecanismo adequado. O presente artigo pretende, por meio de uma reconstrução do debate teórico sobre o tema, analisar as concepções de verdade mais discutidas pela doutrina – verdade por correspondência, por coerência e por consenso. Além disso, propõe-se identificar qual dessas visões é adotada pela Justiça de Transição, em especial pelas comissões da verdade, cuja finalidade é construir um discurso coerente que produza uma memória coletiva consensual sobre as massivas e sistemáticas violações de direitos humanos praticados por Estados autoritários. O processo penal, por sua vez, enquanto instrumento de aplicação da lei penal e garantidor do devido processo legal, busca demonstrar uma verdade evidenciada por provas lícitas, através da construção de um discurso jurídico coerente, sob o manto de um sistema jurídico de garantias, de forma a não condenar inocentes. Apesar de aparente semelhança quanto à concepção de verdade adotada, o sistema jurídico requer a observância de uma série de regras processuais que impedem a vinculação dos resultados da comissão da verdade ao processo penal.

Biografía del autor/a

Carlos Henrique Meneghel de Almeida, UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Mestrando em Direito Processual pela Universidade Federal do Espírito Santo e Servidor Público efetivo do Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo, no cargo de Analista Judiciário - Execução Penal. 

Fiammetta Bonfigli, UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Professora no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).Possui Pos-doutorado em Direito (PPG em Direito) na Universidade La Salle Canoas (RS) (2017), Doutorado em Direito com enfoque na linha da Sociologia do Direito do departamento "Cesare Beccaria" - Università degli Studi di Milano (2014), Mestrado Internacional em Sociologia do Direito - International Institute for the Sociology of Law, Oñati, Espanha (2011) e graduação em Direito - Università degli Studi di Milano (2010). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Sociologia do Direito, Teorìa do Direito, Ciencias Criminais , Direitos Humanos e Justiça de Transição, Movimentos Sociais e Direito.

Publicado

2020-12-01

Número

Sección

Artigos