“PAGO, NÃO NEGO. VIVO QUANDO PUDER”: ENDIVIDAMENTO, PRECARIZAÇÃO DA VIDA DOCENTE E GOVERNAMENTALIDADE NEOLIBERAL

Evandro Sérgio Pacheco Martins, Inês Hennigen

Resumo


Apresentamos alguns resultados de uma pesquisa que teve como objetivo conhecer os efeitos subjetivos do endividamento para professoras estaduais gaúchas. Neste artigo focalizamos análises e discussões quanto à produção do endividamento das professoras e a precarização da sua vida em função da racionalidade neoliberal. A pesquisa, cuja metodologia se compôs entre uma análise de inspiração arqueogenealógica e o processo cartográfico, incluiu entrevistas com oito docentes e análise de matérias de jornais de grande circulação, do sindicato de professoras, charges e reportagens na internet sobre a temática. Aqui analisamos os impactos da governamentalidade neoliberal na condição e cotidiano das professoras considerando as políticas de austeridade conduzida pelos governos estaduais, os efeitos da dívida pública e a concepção do homo oeconomicus neoliberal, abordada por Michel Foucault. A lógica neoliberal estrutura a conduta dos sujeitos como empresários de si, com acento na concorrência e responsabilização de indivíduos. Discutimos a questão da dívida como biopolítica, as implicações do endividamento financeiro e moral das docentes e a proletarização da profissão, o que nos levou a ressaltar uma noção de precarização não só correspondente à baixa remuneração recebida pelo magistério, mas da própria vida; nestas circunstâncias, normaliza-se a (mera) sobrevivência e assegura-se o crédito para a “vivência”. Finalizamos discutimos a mutação do dito popular, que abre o título, buscando enlaçar endividamento e precarização da vida, enfoque que pensamos necessita ser mais estudado.

Palavras-chave


Professoras; Endividamento; Neoliberalismo; Governamentalidade; Precarização.

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DOI: http://dx.doi.org/10.18316/rcd.v15i36.9702

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