A generosidade do empreendedorismo adentra a escola pública: crítica à falaciosa narrativa da empregabilidade e da superação das desigualdades
DOI:
https://doi.org/10.18316/recc.v28i2.10049Palavras-chave:
Ensino Médio, Referencial Curricular Gaúcho, Protagonismo Juvenil.Resumo
O artigo apresenta uma análise crítica acerca do empreendedorismo presente no Referencial Curricular Gaúcho (RCG), a partir da pergunta norteadora: como a narrativa da formação de sujeitos empreendedores é apresentada no RCG e qual proposta curricular é apresentada para a promoção do protagonismo juvenil? A pesquisa caracteriza-se como básica, exploratória, qualitativa e bibliográfica-documental e está ancorada no referencial teórico pluralista crítico de Laval (2003), Dardot e Laval (2016), Mazzucato (2014) Campo e Soeiro (2016) e Catini (2020). A partir da crítica à suposta generosidade do empreendedorismo na formação dos jovens e da constatação de que tal proposta não é novidade na educação básica brasileira, apresenta-se uma análise do Referencial Curricular Gaúcho para o Ensino Médio (RCG) no que tange a sua proposta de educação empreendedora. Por esse viés, identifica-se a incompletude dos conceitos apresentados no RCG; indica-se que a lógica do empreendedorismo empregada no RCG está alinhada à Base Nacional Comum Curricular e ao Novo Ensino Médio, consistindo em uma proposta formativa enraizada na responsabilização dos sujeitos; e, aponta-se a falaciosa retórica criada em torno dos conceitos de protagonismo estudantil, projeto de vida e empreendedorismo como promessa de sucesso, empregabilidade e superação das desigualdades.
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