Por uma política do ínfimo: relações étnico-raciais em suas interfaces com a Educação Matemática
DOI:
https://doi.org/10.18316/recc.v23i1.4267Palavras-chave:
Racismo, Educação Matemática, Política do Ínfimo.Resumo
A maioria da população brasileira é constituída por pessoas que se reconhecem negras ou pardas. Apesar disso, os processos de discriminação e preconceito contra as pessoas e a cultura afrodescendentes fazem parte do cotidiano, inclusive em situações educacionais escolares. Este artigo problematiza, a partir de uma perspectiva foucaultiana, alguns aspectos do racismo e de suas repercussões. No que diz respeito à noção de raça, Foucault argumenta que este conceito, com sua vinculação aos aspectos biológicos, vai aparecer somente no final do século XIX com a ideia de uma superioridade entre as raças. O artigo apresenta elementos de pesquisas que analisaram aspectos do racismo em textos e imagens presentes nos livros didáticos e microagressões. tais como risadas e deboches presentes em piadas que inferiorizam o “outro”. O texto também problematiza as ressonâncias das políticas públicas, em especial a lei 10.639, e discute aspectos da Afroetnomatemática como uma possibilidade de dar visibilidade aos estudos das matemáticas criadas no continente africano e articuladas com as discussões étnico-raciais nas práticas escolares e na educação matemática. Para contribuir com a problematização desenvolvida, trazem-se aspectos de um estudo de campo realizado em escola de uma comunidade Quilombola do Nordeste brasileiro. As reflexões deste artigo nos sinalizam a necessidade de, no currículo escolar, estarem presentes diferentes formas de matematizar o mundo, todavia com o cuidado de que tal incorporação possa empoderar o outro e não subordiná-lo a matemática hegemônica. Neste sentido, o artigo defende a ideia de considerarmos uma política do ínfimo que dê conta de analisar os micropoderes que incidem sobre nossas práticas no âmbito escolar.
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