Por uma política do ínfimo: relações étnico-raciais em suas interfaces com a Educação Matemática

Autores/as

  • Claudia Glavam Duarte
  • Carlos Eduardo Ferreira Monteiro Universidade Federal de Pernambuco
  • Ana Quele Gomes de Almeida

DOI:

https://doi.org/10.18316/recc.v23i1.4267

Palabras clave:

Racismo, Educação Matemática, Política do Ínfimo.

Resumen

A maioria da população brasileira é constituída por pessoas que se reconhecem negras ou pardas. Apesar disso, os processos de discriminação e preconceito contra as pessoas e a cultura afrodescendentes fazem parte do cotidiano, inclusive em situações educacionais escolares. Este artigo problematiza, a partir de uma perspectiva foucaultiana, alguns aspectos do racismo e de suas repercussões. No que diz respeito à noção de raça, Foucault argumenta que este conceito, com sua vinculação aos aspectos biológicos, vai aparecer somente no final do século XIX com a ideia de uma superioridade entre as raças. O artigo apresenta elementos de pesquisas que analisaram aspectos do racismo em textos e imagens presentes nos livros didáticos e microagressões. tais como risadas e deboches presentes em piadas que inferiorizam o “outro”. O texto também problematiza as ressonâncias das políticas públicas, em especial a lei 10.639, e discute aspectos da Afroetnomatemática como uma possibilidade de dar visibilidade aos estudos das matemáticas criadas no continente africano e articuladas com as discussões étnico-raciais nas práticas escolares e na educação matemática. Para contribuir com a problematização desenvolvida, trazem-se aspectos de um estudo de campo realizado em escola de uma comunidade Quilombola do Nordeste brasileiro. As reflexões deste artigo nos sinalizam a necessidade de, no currículo escolar, estarem presentes diferentes formas de matematizar o mundo, todavia com o cuidado de que tal incorporação possa empoderar o outro e não subordiná-lo a matemática hegemônica. Neste sentido, o artigo defende a ideia de considerarmos uma política do ínfimo que dê conta de analisar os micropoderes que incidem sobre nossas práticas no âmbito escolar.

Biografía del autor/a

Carlos Eduardo Ferreira Monteiro, Universidade Federal de Pernambuco

Pós-Doutorado no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa - Portugal; PhD in Education pela University of Warwick - Inglaterra (2005); Mestre em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (1998); Graduado em Psicologia pela UFPE (1990). Pesquisador visitante na University of Leicester - Inglaterra (2007) e na Free University of Brussels - Bélgica (2012). Atualmente é Professor Associado II do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais do Centro de Educação da UFPE, leciona em Cursos de Licenciaturas no nível da Graduação, é docente permanente e orientador nos Cursos de Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica - Edumatec - UFPE. Tem experiência na Área de Psicologia na Educação, sobretudo nas interfaces com a formação de professores e os processos de ensino e aprendizagem. Atualmente é líder do GPEME - Grupo de Pesquisa em Educação Matemática e Estatística e do GPEMCE - Grupo de Pesquisa em Educação Matemática nos Contextos de Educação do Campo. As principais temáticas de pesquisas e orientação vinculam-se principalmente aos seguintes tópicos: Ensino e Aprendizagem de Matemática; Educação Matemática nos contextos de Educação do Campo; Fatores sócio-culturais relacionados ao desenvolvimento e uso de conhecimentos matemáticos; Ensino e Aprendizagem de Estatística; Letramento Estatístico; Aspectos do ensino e aprendizagem de Matemática e Estatística na Educação de Jovens, Adultos e Idosos.

Publicado

2018-05-03

Número

Sección

Dossiê