É possível ensinar a genética para alunos cegos?

Autores

  • Mauro Luiz da Hora Faria Universidade Federal Fluminense, RJ
  • Janilda Pacheco da Costa Universidade Federal Fluminense, RJ
  • Cristina Delou Universidade Federal Fluminense, RJ
  • Gerlinde Agate Platais Brasil Teixeira Universidade Federal Fluminense, RJ

DOI:

https://doi.org/10.18316/rcd.v8i16.1778

Palavras-chave:

Construtivismo. A linguagem da ciência e da sala de aula. Ensino de ciências. Educação especial. Genética.

Resumo

O uso de modelos tridimensionais é uma estratégia que facilita ensinar temas considerados difíceis para muitos professores no ensino médio, mesmo para classes que não têm alunos com necessidades educacionais especiais. Tivemos como objetivo, portanto, desenvolver um modelo tátil que auxiliasse na compreensão da estrutura do DNA e de sua replicação. Para tanto, adaptamos os passos descritos por Miotto para a construção de modelos táteis. O resultado foi a construção da matriz e das estruturas básicas da molécula de DNA, em papelão coberto com diferentes texturas. As placas de acetato em alto relevo foram preparadas após a aprovação por um aluno cego, que informou que a escala e as texturas escolhidas possibilitaram a identificação da estrutura como um todo e de suas partes, que foram testadas e aprovadas por alunos cegos na sala de recursos de uma Escola Pública Estadual.

Palavras-chave: Construtivismo. Linguagem da ciência e da sala de aula. Ensino de ciências. Educação especial. Genética.

Teaching genetics to blind-students – is it possible?

Abstract

The use of three-dimensional models is a strategy that facilitates teaching contents considered difficult for many high school teachers even in classes that do not have students with special educational needs. Our objective was to develop a tactile model that helps the understanding of the DNA structure and its replication. To achieve this, we adapted the steps proposed by Miotto for the production of tactile models. As a result, we constructed the matrix of the basic structures of the DNA molecule in cardboard covered with different textures. After approval by a blind student, who reported that the scale and textures chosen allowed identification of the structure as a whole and its parts, we prepared the high relief acetate plates. These were tested and approved by blind students in the “resource class” of a State Public School.

Keywords: Constructivism. Science and classrooms language. Science education. Special education. Genetics.

Biografia do Autor

Mauro Luiz da Hora Faria, Universidade Federal Fluminense, RJ

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Biotecnologia na Universidade Federal Fluminense, RJ, Brasil; Mestre em Ciências (Genética) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professor da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, RJ

Janilda Pacheco da Costa, Universidade Federal Fluminense, RJ

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Biotecnologia na Universidade Federal Fluminense, RJ, Brasil; Mestre em Ciências Médicas (Imunologia) pela Universidade Federal Fluminense; Professora da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, RJ.

Cristina Delou, Universidade Federal Fluminense, RJ

Doutora em Educação pelo Programa de História, Política, Sociedade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Professora da Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, RJ.

Gerlinde Agate Platais Brasil Teixeira, Universidade Federal Fluminense, RJ

Doutora em Patologia pela Universidade Federal Fluminense; Professora do Departamento de Imunobiologia do Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, RJ, Brasil, Coordenadora do Espaço UFF de Ciências

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2017-05-24

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